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Existem diferentes opiniões sobre o que podemos definir como fáscia (Langevin, 20016, Langevin & Huijing, 2009, Schleip, Jäger & Kinler, 2012, Swanson, 2013, Stecco, 2014).

Sugere-se o uso da expressão sistema fascial. Este sistema reúne diferentes tipos de células com diferentes atividades (de forma semelhante, como a do sistema cardiovascular ou do sistema nervoso), e se relaciona com outros sistemas do corpo por meio de uma estrutura interna ininterrupta de estabilidade funcional composta por a matriz de colagénio tridimensional (Kumka & Bonar, 2012, Pilat, 2014). Esta abordagem facilita a relação entre os achados científicos e clínicos e, por sua vez, oferece uma perspectiva diferente e mais ampla para a análise da mecânica e patomecânica do corpo. O referido sistema representa uma arquitetura comunicacional complexa (Kapandji, 2012), que garante extensa informação mecanoceptiva, não apenas por sua distribuição topográfica, mas principalmente pelos padrões de inter-relação com outras estruturas do corpo (Lancerotto et al. 2011 ), especialmente os músculos. Pela sua construção dinâmica e fibrosa, distingue-se a propriedade de se remodelar continuamente (plasticidade fascial) (Langevin, 2011), de se alinhar e acomodar às demandas de tensão intrínseca e extrínseca do corpo (Swanson, 2013).

Alterações de tensão, criadas fora dos padrões fisiológicos de movimento, podem reorientar a dinâmica corporal, estabelecendo mudanças retráteis na matriz (por meio da dinâmica dos miofibroblastos) (Tomasek, 2002), que afetam a liberdade de movimento (Gabbiani, 2007). A densidade, distribuição e características organolépticas do sistema fascial diferenciam-se em seu percurso pelo corpo, permitindo que ele se adapte e atenda às solicitações do movimento (Benjamin, 1995), porém, sua continuidade é essencial, permitindo que ele atue. como um todo sinérgico, absorvendo e distribuindo um estímulo local aos demais elementos do conjunto, em diferentes escalas de sua construção (Ingber, 2008). A sinergia estrutural intrínseca do sistema fascial garante ao corpo a relativa independência da força gravitacional, além de possuir uma grande capacidade de adaptação, de acordo com as exigências que vêm de fora e de dentro ou, em relação à disponibilidade de energia e nutrientes no meio ambiente (Nakajima et al. 2004). Além de sua função estrutural, a fáscia assume e distribui os estímulos que o corpo recebe: sua rede de receptores regista impulsos térmicos, químicos, de pressão, vibratórios e de movimento; e envia-os para a região homeostática do sistema nervoso central pela via interoceptiva (Craig, 2003). Dessa forma, é criado um potencial de informação vinculado pelo sistema com uma finalidade específica (Pilat, 2012, Pilat, 2014).

Post Author: vivafisiosaude