
O que é?
A apneia do sono, também conhecida como síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), é um distúrbio provocado por frequentes obstruções parciais ou completas das vias respiratórias durante o sono, o que leva a episódios repetidos e temporários de cessação da respiração durante o sono.
Causa
A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio caracterizado por interrupções curtas e repetidas da respiração durante o sono. Esta patologia ocorre quando os músculos das vias respiratórias altas relaxam enquanto dormimos, fazendo com que os tecidos moles na parte de trás da garganta colapsem, bloqueando a passagem do ar em direção aos pulmões, provocando consequentemente reduções parciais(hipopneia) ou totais da respiração (apneia), que podem durar entre 10 e 30 segundos. Nos casos mais graves a cessação da respiração pode ocorrer por mais de um minuto, provocando importantes reduções na saturação de oxigênio no sangue.
A queda abrupta na taxa de oxigenação do sangue alerta o cérebro, que responde provocando uma súbita interrupção do sono para que o indivíduo possa voltar a respirar. Esse padrão de obstrução das vias aéreas seguida de interrupção súbita do sono, com sensação de estar sufocado ou engasgado pode ocorrer centenas de vezes por noite e em casos menos severos o indivíduo volta a dormir imediatamente e sem se recordar de ter acordado.
O resultado da apneia do sono é um padrão sono fragmentado, não restaurador, que muitas vezes resulta em um excessivo nível de sonolência durante o dia.
Os individuos com apneia obstrutiva do sono apresentam um maior risco de acidentes de trânsito ou de desenvolvimento de doenças clínicas, como doenças cardiovasculares (hipertensão arterial, hipertensão pulmonar, doença coronariana, arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca e AVC), pré-diabetes, diabetes, síndrome metabólica, depressão e estão sob maior risco de complicações cirúrgicas, tais como insuficiência respiratória aguda, eventos cardíacos no pós-operatório ou necessidade de condução do pós-operatório em unidades de cuidados intensivos.
É ainda importante referir que em condições clínicas graves e não tratadas, estes utentes têm um maior risco de mortalidade.
Factores de risco
Qualquer pessoa pode desenvolver apneia obstrutiva do sono, embora haja uma série de factores de risco a ter em conta, como:
- Idade superior a 60 anos
- Obesidade
- Tabagismo
- Género masculino
- História familiar
- Alterações da anatomia das vias respiratória (alterações nos ossos do crânio, principalmente uma mandíbula ou maxilar curtos, hipertrofia das amígdalas, hipertrofia das adenoides, desvio de septo, polipos nasaisou ter um pescoço pequeno e largo)
- Congestão nasal(indivíduos que apresentam o rinite)
- O consumo de álcool
- Dormir de barriga para cima(a posição que mais favorece a obstrução das vias áreas, pois além do colapso da musculatura da faringe, há também grande risco de queda da língua em direção à garganta).
Sintomas
- Sonolência diurna:é o motivo pelo qual o paciente procura ajuda médica. No entanto, é importante saber distinguir a sonolência da fadiga. A sonolência é uma incapacidade de permanecer completamente desperto ou alerta durante o dia, já a fadiga é uma queixa subjectiva de falta de energia física ou mental.
- Insónia
- Ressonar
- Agitação noturna
- Engasgos
- Despertar subitamente com uma sensação de asfixia, engasgo ou sufocamento
- Despertar frequentemente com a boca seca ou com dor na garganta
- Períodos de interrupção da respiração durante o sono, que duram pelo menos 10 segundos
- Mau humor ou irritabilidade frequentes
- Falta de concentração
- Lapsos de memória
- Dor de cabeça matinal
- Diminuição da libido ou impotência
- Despertar com dor no peito
- Pesadelos frequentes
- Necessidade frequente de urinar durante a madrugada
- Sintomas da fibromialgia
Diagnóstico
O diagnóstico desta patologia é realizado com base na polissonografia, este é um exame não invasivo, no qual o paciente dorme enquanto é feito um registro completo da actividade do organismo, incluindo a actividade eléctrica cerebral, ritmo respiratório e cardíaco, tónus muscular, movimentos oculares e taxa de oxigenação do sangue.
A patologia é confirmada se houver cinco ou mais eventos respiratórios obstrutivos, tipo apneias, hipopneias ou despertar súbito com falta de ar, a cada hora de sono associados a pelo menos um sintoma típico ou se houver quinze ou mais eventos respiratórios obstrutivos por hora de sono, independentemente da presença de outros sintomas.
Classificação
Os utentes que têm esta patologia são classificados como portadores de doença leve, moderada ou grave, com base nos seus sintomas e nos resultados da polissonografia.
- Leve : Pacientes com 5 a 15 eventos respiratórios por hora de sono, poucos sintomas e a sonolência diurna é branda, não sendo capaz de afectar a qualidade de vida.
- Moderada: Pacientes 15 a 30 eventos respiratórios por hora de sono, com sonolência diurna relevante, que é capaz de interferir nas actividades diárias. Nestes casos já há um aumento da incidência de acidentes automobilísticos, e complicações, como a hipertensão arterial.
- Grave: Pacientes com mais de 30 eventos respiratórios por hora de sono ou que apresentam à polissonografia quedas importantes na taxa de saturação de oxigênio no sangue (oximetria abaixo de 90%) em pelo menos 1/5 do tempo do exame, com grande sonolência diurna e com tendência a adormecer muitas vezes durante o dia.
Tratamento
O tratamento desta condição clínica visa acabar ou amenizar os episódios de apneia ou hipopneia e melhorar a saturação de sanguínea de oxigênio no sangue durante o sono. Nos casos leves, medidas simples podem ser efectivas. Nos mais graves muitas vezes é necessário o recurso a aparelhos respiratórios.
Para que o tratamento seja eficaz é necessário ainda realizar algumas mudanças no estilo de vida, como emagrecer, praticar exercício físico regularmente, diminuir ou suspender o consumo de bebidas alcoólicas e do tabaco, evitar dormir de barriga para cima e evitar a toma de medicação para dormir.
Como é de conhecimento comum a maioria das vezes é utilizado o CPAP, que é um tratamento que consiste no uso de uma máquina ventilatória que fornece ar sob pressão através de uma máscara que deve ser colocada antes de dormir. Este é o método mais bem sucedido e mais comumente utilizado para o tratamento de apneia obstrutiva do sono, algumas pessoas acham que a máscara é desconfortável ou máquina barulhenta.
Porém, os casos mais leves ou moderados que não toleram ou não querem tratamento com CPAP, é possivel fazer a substituição deste método por um aparelho oral que acerta o posicionamento da mandíbula e da língua.
Se nenhum dos tratamentos funcionar, a cirurgia para correção de alterações anatómicas pode ser a solução.