
O que é tendinite no ombro?
Antes demais, é importante explicar o que é o tendão. O tendão é um cordão fibroso, composto de tecido conjuntivo e colagénio, que existe ao final de cada músculo, sendo responsável pela fixação dos mesmos aos ossos. De forma bem simples, podemos dizer que o tendão é uma espécie de corda que fica agarrada aos ossos, ajudando o movimento toda vez que o músculo se contrai.
A tendinite é uma inflamação do tendão, esta inflamação provoca o espessamento do tendão, dor localizada, dificuldade em mobilizar o membro atingido, podendo também surgir um ligeiro inchaço ou rubor no local.
Causas
À medida que vamos envelhecendo, nossos tendões vão perdendo elasticidade, aumentando o risco do aparecimento patologias dos tendões.
A tendinite pode surgir por movimentos repetitivos, excesso de carga, manutenção de um esforço por um período de tempo, traumatismo ou a alimentação incorrecta (libertação de substâncias tóxicas para o organismo e a falta de drenagem adequada que conduz à desidratação dos músculos e dos tendões).
Sintomas
O sintoma principal da tendinite do ombro é a dor. Esta localiza-se geralmente na face anterolateral da articulação, ocorre quer com o esforço quer em repouso, agravando durante a noite e impedindo muitas vezes o doente de descansar.
Para além do desconforto causado pela dor, pode ocorrer incapacidade funcional com dificuldade de realizar a amplitude do movimento normal, diminuição de força muscular do membro afectado, inchaço ou edema na zona afectada, sensação de crepitação do tendão quando a pessoa faz movimento com o ombro e/ou rubor e calor na região do tendão.
Diagnóstico
O diagnóstico da tendinite do ombro é feito através do exame subjectivo (conversa com o paciente) e do exame físico (palpação), contudo perante dúvidas da condição clínica pode recorrer-se a exames complementares de diagnóstico.
A tendinite tem um quadro clinico muito característico, o que facilita o diagnóstico não sendo por vezes necessário realizar quaisquer exames.
Durante a avaliação do paciente pode facilmente perceber-se se se trata de uma tendinite através do comportamento da dor, pois perante uma inflamação existe a sensação de dor exacerbada quando se inicia o movimento, após um longo período de repouso. Dor essa que, com a continuação do movimento vai diminuindo.
Este fenómeno ocorre porque, durante o repouso há diminuição da circulação sanguínea havendo estase dos metabolitos inflamatórios (responsáveis pela dor) na região afectada, com o inicio do movimento, a circulação sanguínea vai aumentando, promovendo assim a remoção dos metabolitos inflamatórios da região e consequentemente diminuindo a dor.
Contudo, não nos podemos esquecer que o esforço pode promover o aumento da inflamação, assim não podemos manter períodos de repouso excessivos nem períodos de trabalho e carga de excessivos.
Apesar da facilidade de diagnóstico sem exames complementares, este pode ser complementado pela realização de uma ecografia do ombro para estudar o trajecto do tendão, avaliar a acumulação de líquido, sinal indirecto de lesão do tendão e fazer a exclusão de outros diagnósticos diferenciais como por exemplo síndromes do conflito ou impingment, calcificações da coifa ou bursites subacromiais.
A realização da ressonância magnética (RM) poderá ser necessária, em caso de persistência das queixas com o tratamento conservador e quando há suspeitas de rupturas parciais ou lesões intra-articulares, como lesões do labrum ou lesão tipo SLAP.
A Radiografia simples (raio-x) da região afectada não é o exame indicado para este tipo de diagnóstico, uma vez que este exame apenas vê a componente óssea. Todavia, este exame pode indicar-nos o mau posicionamento das estruturas ósseas do ombro e a necessidade de fazer reeducação postural durante o tratamento.
Como prevenir
Exercício: exercícios especificamente para correcção postural de fortalecimento e alongamento, com a ajuda de um profissional.
Movimentos repetitivos: podem aumentar de uma forma significativa o risco de tendinite. Evitá-los, ou pelo menos fazer períodos de repouso, descanso regulares e introduzir o alongamento nesses períodos de descanso, ajuda a reduzir o risco.
Alongamento e aquecimento: os desportistas devem realizar sempre o aquecimento e o alongamento adequadamente. A diminuição do ritmo gradualmente e os alongamentos após as actividades desportivas também podem ajudar a prevenir o desenvolvimento da tendinite.
Tratamento
Habitualmente a tendinite é tratável por métodos conservadores, o uso de anti-inflamatórios, descansar a região afectada, fazer fisioterapia para desinflamar o tendão, fortalecer os músculos enfraquecidos, corrigir a postura e aliviar a dor, e optar por uma alimentação rica em alimentos anti-inflamatórios.
Pode também recorrer à aplicação local de calor (nos músculos próximos da tendinite, numa faz crónica) ou gelo (após uma actividade) podem ser usados para aliviar a dor.
A acupunctura é também uma hipótese complementar para o tratamento e consiste primeiramente na localização exacta da dor, bem como o seu trajecto, pois, para a Medicina Tradicional Chinesa a tendinite é a obstrução do fluxo energético que ocorre em alguns canais.
É ainda importante referir que, a demora para iniciar um tratamento pode diminuir a possibilidade da recuperação completa e se após 6 meses de tratamento não houver relevante melhora da dor, deve-se pensar no tratamento cirúrgico.
Cirurgia
A artroscopia do ombro (cirurgia) reserva-se para situações excepcionais de resistência ao tratamento conservador ou quando se associam outras patologias do ombro como depósitos de pequenos cristais de cálcio no tendão (tendinite calcificante). Neste caso, é preciso fazer uma raspagem no local afectado ou recuperar o tendão após um possível rompimento.
A cirurgia nestes casos não é complicada, porém a recuperação é ligeiramente demorada e necessita sempre de fisioterapia pós-operatória.