
As origens da acupuntura perdem-se na história da humanidade. Os documentos que estão na sua origem contam-se entre os mais antigos produzidos pela cultura humana, remontando às raízes do pensamento oriental. Tudo indica que a prática da acupuntura remonta a vários milhares de anos antes da era cristã. O seu carácter milenar e os milhões de casos de sucesso nos quais foi aplicada e experimentada dotaram a acupuntura de um carácter peculiar na história da humanidade. Tendo provado largamente a sua eficácia. A acupuntura afirmou o seu lugar e demonstrou o seu elo com a realidade fisiológica humana. A acupuntura é contudo, parte integrante da medicina chinesa, sendo inseparável de uma concepção original e global do universo, como a astronomia, a climatologia, as matemáticas ou a agricultura. Este conhecimento, que assenta sobre uma base de raciocínio determinado pela analogia, exprime-se por um simbolismo de aparência hermética, mas cujo sentido profundo se reproduz num sistema complexo e coerente. Algumas das afirmações deste sistema de pensamento, durante longo tempo incompreendidas, revelam-se hodiernamente consonantes com as últimas descobertas da ciência contemporânea. Os fundamentos teóricos da acupuntura são os do Taoísmo tradicional, isto é, assentam num conhecimento e uma visão teórica sobre o mundo e sobre as suas manifestações. A medicina oriental assenta numa absoluta noção de indissociabilidade do homem no mundo que o circunda, sendo o diagnóstico realizado através da avaliação do estado energético dos órgãos e das vísceras e do fluxo de Qi (energia) e de Xué (sangue) nos merididanos, tendo também em conta os fenómenos associados aos líquidos orgânicos, sinais e sintomas do paciente, aspecto associado ao pulso e à língua ,bem como avaliação do ambiente que o paciente se insere. A visão holística e integradora da medicina oriental tem vindo a ganhar terreno à medicina moderna que, preenchida por um campo de saberes assente na tecnologia de ponta e na ciência moderna e ainda que preenchida por variadíssimos casos de espantoso sucesso, não deixa de dotar o homem de um certo desamparo face à fragilidade à doença. Imperativa em casos como a patologia infecciosa aguda, trauma grave e patologias com compromisso de vida, a biomedicina acabou por vincular a sua actuação na transformação do doente em doente crónico e na transformação da medicina num campo de saberes altamente especializados que há muito que perderam a visão integrada do doente. Obedecendo a uma lógica que muitas vezes se esgota na tradução da doença em imagens ou em resultados laboratoriais, a clínica moderna acaba por, com frequência, destituir o indivíduo de um olhar totalizante, que, ao invés de o reduzir a uma série de causas e efeitos orgânicos, o integre numa realidade social e ambiental vasta. Não é pois infrequente que os pacientes procurem a Medicina Chinesa por se sentirem cansados da medicina convencional e desesperançados face aos seus resultados. A procura tardia da Medicina Tradicional Chinesa dita, contudo, uma muito maior dificuldade no tratamento das patologias, uma vez que, um desiquilíbrio energético não tratado, se vai tornando, ao longo do tempo, em problemas mais profundos e vastos. Muitos dos casos que acorrem à MTC após anos de tentativas mal sucedidas de tratamentos convencionais, teriam vistos seus problemas rapidamente resolvidos se tivessem procurado a MTC profilaticamente ou nas fases primárias da doença. Uma rápida resposta da MTC aquando do início dos sintomas dos desequilíbrios energéticos, evita, mais, tarde, a ocorrência de problemas graves e /ou crónicos. Contemplando um vasto corpo de conhecimento e de práticas que perspectivam o indivíduo de forma holística, a Medicina Tradicional Chinesa concorre para a promoção de um maior bem estar populacional, ao mesmo tempo que permite a redução dos custos associados às práticas da medicina convencional.